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Monã: hospitalidade e conexão com a natureza em Canela

Desde que a pandemia do Coronavírus chegou ao Brasil, me mantive confinada em casa em isolamento social, saindo apenas quando necessário. Ainda estou assim, mas depois de quase seis meses vivendo nesse formato, senti que precisava de um contato com a natureza para respirar, me reconectar e reenergizar. Quando essa necessidade se tornou inadiável, eu já tinha certeza do lugar para o qual eu iria fugir: a Monã.

Localizada na Serra Gaúcha, mais precisamente no interior de Canela a 4km do centro da cidade, a Monã é um espaço de conexão com a natureza desde a entrada, quando passamos por um túnel verde de árvores, que nos indica o que está por vir. É uma ótima dica para quem quer fugir do óbvio e dos pontos turísticos lotados na região de Gramado. Fica dentro do roteiro Canela Rural (o mesmo onde estão localizados o Alpen Park e também o Alambique Flor do Vale, sobre a qual já falei aqui neste post).

Lá você vai encontrar hospedagem, gastronomia e um cenário encantador de relaxamento e pura tranquilidade. É um lugar onde a hospitalidade e o convívio são exaltados (embora neste momento o convívio seja feito de máscaras e com distanciamento entre as pessoas).

A MONÃ

Na crença tupi-guarani, Monã é o deus criador do mundo, do céu, da terra e dos seres vivos. Não à toa, esse foi o título escolhido para dar nome a esta propriedade rural de 132 hectares que promove vivências junto à natureza por meio da valorização da hospitalidade e do estímulo da cultura.

Comandada pelo casal de empresários Daniel Castelli e Aline Manea, a Monã foi adquirida em 2005 com o objetivo de complementar os espaços da Castelli Escola Superior de Hotelaria, inaugurada pelo pai de Daniel. O lugar foi revitalizado e hoje conta com infraestrutura para hospedagem, eventos sociais e corporativos e também para explorar a gastronomia local.

Entre os pontos principais da propriedade estão a hospedaria, a horta e o pomar (de onde vêm verduras, legumes, chás, temperos e frutas servidos por lá), o galinheiro, o bolicho (onde são preparadas e servidas algumas das refeições) e também a marcenaria.

A HOSPEDARIA

Toda construída em madeira com técnicas artesanais de carpintaria, a casa principal onde fica a hospedaria da Monã traz conforto de maneira simples e rústica. Foi recentemente reformada para abrigar quatro suítes com banheiro privativo e cozinha compartilhada e ainda duas casas independentes, ambas com dois quartos, cozinha e banheiro privativos.

Fiquei hospedada na Suíte 1, que tem vista para o pomar. O cuidado com os detalhes impressiona, e a limpeza é impecável. O quarto tem uma cama de casal e uma cama de solteiro, ou seja, é ótima para casais e também para famílias. As peças de madeira como a cabeceira da cama, o cabideiro, os tampos das mesinhas de apoio e também da pia do banheiro garantem uma sensação de aconchego inexplicável, que combina perfeitamente com o clima do lugar. Ah! O quarto é equipado com ar-condicionado, lençóis, toalhas de banho, o chuveiro é ótimo e as amenidades de banho também estão à disposição, um charme só.

As opções de hospedagem estão disponíveis pelo Airbnb, e você pode acessar clicando aqui.

O CAFÉ DA MANHÃ

O café da manhã merece um capítulo à parte: além de estar incluso na diária é preparado todas as manhãs pela anfitriã Aline. A mesa é farta, e todas as manhãs algo novo aparece no menu. Experimentei pães, biscoitos e bolos caseiros, ovos mexidos preparados na hora com os ovos do galinheiro da Monã, frutas do pomar, queijo serrano e charcutaria de produtores parceiros e vizinhos, café preto e leite tirado de vaquinhas livres, geleias caseiras, nata, manteiga e doce de leite.

A GASTRONOMIA

Há pouco mais de um ano, com a entrada da chef Arika Messa na equipe, a gastronomia da Monã passou por uma reestruturação. Lá, o fogo é elemento de destaque. É a partir dele – seja no fogão à lenha, na parrilla ou no fogo de chão – que são preparadas as refeições, sempre de forma ecológica e artesanal, valorizando o ingrediente local e regional. Tudo o que é servido na propriedade é produzido lá mesmo ou vem de produtores parceiros, localizados em um raio de no máximo 6 quilômetros de distância, que passam por acompanhamento e incentivo da produção agroecológica e do resgate de variedades crioulas. Assim, se garante um alimento bom, limpo e justo, base da filosofia do movimento Slow Food, do qual a Monã é seguidora.

Além das refeições servidas para os hóspedes, nos finais de semana e feriados há almoços na propriedade elaborados pela chef Arika e abertos ao público. Com destaque para o Brasa & Blues, um evento já tradicional por lá, com carnes e vegetais feitos na brasa, entre outros acompanhamentos, tudo regado a muita música, claro. Durante a pandemia, porém, as refeições são exclusividade dos hóspedes, mas acredito que em breve os almoços de final de semana devem retornar com todos os cuidados, claro.

Como hóspede, ao fazer a reserva, você vai receber uma programação de refeições preparadas tanto pela chef Arika quanto pelos anfitriões. As refeições são pagas à parte. Minha estadia contou com dois jantares e um almoço, além do café da manhã já incluso na diária.

O QUE EXPERIMENTEI NO PRIMEIRO JANTAR, PREPARADO PELOS ANFITRIÕES
  • Salada de folhas, flores, frutas e moranga
  • Arroz com cogumelos porcini colhidos e preparados pelos próprios anfitriões
  • Ambrosia feita com ovos orgânicos do galinheiro da Monã
O QUE EXPERIMENTEI NO ALMOÇO, PREPARADO PELOS ANFITRIÕES
  • Tradicional polenta mole da Monã, feita com farinha de milho crioulo produzida lá mesmo
  • Ragu de carne
  • Fortaia
  • Cogumelos porcini refogados
  • Saladinha orgânica
  • Vinho argentino da carta da Monã
  • Bolo de milho recheado com goiaba
O QUE EXPERIMENTEI NO SEGUNDO JANTAR, PREPARADO PELA CHEF ARIKA MESSA
  • Focaccia e pão de fermentação natural acompanhados de queijo serrano, copa, caponata de berinjela, geleia de uvaia e geleia de jabuticaba picante
  • Caldinho de feijão
  • Salada com folhas de alface e mostarda, tomates, abóbora e acelga grelhada
  • Batata doce assada com vinagrete de bergamota
  • Pirão de cordeiro com cebolinhas tostadas e agrião
  • Porco moura com seu demi glace e texturas de cenoura: purê, picles, ramos, raiz e inteira grelhada
  • Sorvete de frutas vermelhas com calda de frutas vermelhas
DICAS DA JU
  • Daniel Castelli, anfitrião da Monã, realiza um lindo trabalho em marcenaria: tábuas de diferentes tamanhos e formatos. Vale espiar! As madeiras são recicladas, todas provenientes de reaproveitamento e de manejo sustentável e consciente. Estão à venda na propriedade, mas também na loja virtual, clicando aqui. Os valores vão de R$ 100 a R$ 680.
  • Não esqueça de curtir a propriedade como um todo: admire o túnel verde cheio de árvores logo na entrada, faça trilhas, descanse nas redes sob as árvores e conheça o pomar (no início de setembro as laranjeiras estavam floridas e exalavam um perfume inacreditável que chegava até o nosso quarto).
DURANTE A PANDEMIA

Reservei uma suíte na casa principal, e como fomos durante a semana, éramos os únicos hóspedes. Em função da pandemia do Coronavírus, a Monã tem trabalhado com 50% da sua capacidade. Isso permite o revezamento das suítes e das casas independentes. Ou seja, quando um hóspede sai, seu quarto fica 48h horas parado para então passar por higienização e poder ser ocupado novamente. A cozinha compartilhada é usada somente pelos anfitriões e as refeições são servidas com distanciamento quando há mais de um casal ou família. Nas áreas comuns, é obrigatório o uso de máscara.

VALORES

Os valores de diária da hospedagem com café da manhã incluso variam entre R$ 650 (para as suítes), R$ 693 (as casas independentes) e R$ 2.500 (para a casa principal inteira, com espaço para 12 pessoas). Os almoços de final de semana (ainda suspensos em função da pandemia) saem por R$ 120. E as refeições dos hóspedes ficam em torno de R$ 80 por pessoa (no momento da reserva é enviada um pacote fechado com as sugestões de refeições).

MONÃ – NATUREZA | HOSPITALIDADE | CULTURA
Rodovia Arnaldo Oppitz s/nº – Linha São João
Canela – RS
Telefone: (54) 999 193 611
E-mail: contato@vivamona.com.br
www.vivamona.com.br

Meu nome é Juliana Palma, mas sou mais conhecida simplesmente como Ju Palma. Tenho 28 anos e moro em Porto Alegre. Sou uma jornalista especializada em marketing e uma apaixonada por comer, beber e viajar. E é sobre isso que escrevo há seis anos. Nesse meio tempo, ainda me formei sommelière profissional de vinhos. Se quiser falar comigo, é só enviar um e-mail para jupalma@jupalma.com.br

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