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O passeio pelo Lago Titicaca, em Puno

Depois de uma semana na Bolívia, o próximo destino era o Lago Titicaca, mas pela parte peruana. Fui até o Peru de ônibus. Comprei a passagem de La Paz a Puno pelo site TicketsBolivia.com e tudo correu bem: chegada na rodoviária, troca do voucher pela passagem e viagem de seis horas, incluindo uma boa pausa na fronteira para carimbar os passaportes. Foi a melhor solução que encontrei, considerando que o aeroporto mais próximo fica a 45km da cidade (para ser sincera, nem cheguei a procurar sobre voos disponíveis).

Puno é a cidade peruana que dá acesso ao Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo, que fica a cerca de 3,8 metros de altitude. Também pode ser acessado pela cidade boliviana de Copacabana, que dizem ser uma bela dica para incluir no roteiro. O legal de ir de ônibus de La Paz a Puno é que em algum momento da estrada já é possível avistar a imensidão azul do lago.

Embora a Plaza de Armas e a Catedral serem lindas, a cidade de Puno não é bonita, não. Parece pobre, com construções amontoadas e mal acabadas em sua maioria. E para falar a verdade, não há muito o que fazer por lá, a não ser o passeio pelo Titicaca, que te leva às Ilhas Flutuantes de Uros e à Ilha Taquile.

COMO CHEGAR

Fechei o passeio por e-mail com a NC Travel Cusco depois de muito pesquisar agências (fiz com eles também o passeio pelo Valle Sagrado, em Cusco). A van que levava ao porto passou exatamente às 7h30min no hotel e encaminhou o grupo até a embarcação. Durante o passeio, havia um guia que alternava as explicações entre inglês e espanhol. O almoço (incrível) na Ilha Taquile estava incluso no preço de 65 dólares que paguei. É possível também fazer o passeio por conta própria, pegando um barco no porto de Puno por cerca de 30 soles.

ILHAS FLUTUANTES DE UROS

Uros é o nome de uma das primeiras civilizações da América, que se instalou no Titicaca antes mesmo dos Incas dominarem o país. Hoje, são pelos menos 87 ilhas flutuantes que ficam a mais ou menos 20 minutos de barco de Puno. Seus cerca de dois mil habitantes sobrevivem da pesca, da coleta de ovos de aves, do artesanato e do turismo – é preciso pagar um ingresso para entrar no complexo de ilhas, valor que já está incluso no pacote fechado com a agência.

As ilhas flutuantes são feitas de junco (ou totora, no idioma antigo Aymara, ainda utilizado por eles). Os barcos também são feitos com a planta, que ainda é comestível e serve como combustível para o fogo.

Conheci a ilha Apu Kontiki, que abriga sete famílias. Por lá, te convidam a dar um passeio de barco (por 10 soles peruanos), explicam a construção das ilhas e o funcionamento delas, oferecem um pedaço de junco para provar e ainda apresentam suas casas, onde a família vive em apenas um cômodo. Depois de mostrarem sua casa, as mulheres das famílias te levam até suas produções de artesanato para que você compre alguma coisa. É quase algo forçado, mas não se sinta obrigado a levar souvenires.

Antes de seguir viagem para Taquile, paramos na ilha Utama, capital das ilhas flutuantes, onde é possível comer um lanche (matei a fome com um pão de quinoa e um chá de coca) e carimbar seu passaporte por um sol peruano.

ILHA TAQUILE

Taquile é uma ilha natural do Lago Titicaca, com pouco mais de 5km² de extensão. Fica a 45km de Puno, o que dá mais ou menos uma hora de barco desde as Ilhas Flutuantes de Uros. Taquile conta com cerca de três mil habitantes, divididos em 465 famílias dentro de seis comunidades. Por lá, há um sistema de vida próprio, que data da época do período colonial espanhol. As roupas, os hábitos e os princípios são bem diferentes do que estamos acostumados a ver.

Lá, o principal sustento vem da agricultura, que ocorre de maneira rotativa: em um ano, batatas, no outro, leguminosas de vários tipos. Além do turismo, claro, considerando que para entrar em Taquile também é preciso pagar uma taxa – inclusa no pacote da agência.

A vestimenta dos locais – exímios tecelões – é o que mais chama a atenção. Os homens aprendem a tecer ainda crianças, e só podem casar se aprenderem o artesanato. Aliás, as pessoas da ilha são identificadas pelo acessório que utilizam na cabeça: homens casados usam chapéus vermelhos, enquanto os solteiros usam chapéus brancos; já as mulheres utilizam panos pretos na cabeça com pompons nas pontas, coloridos se forem solteiras e pretos se forem casadas.

Desembarcamos em um dos portos da ilha e já começamos uma subida de mais ou menos 20 minutos em direção ao local do almoço. Tudo muito lentamente, em função da altitude. A vista, porém, compensou.

A família responsável pela nossa refeição primeiro nos apresentou algumas amostras das danças e da música da ilha. Em seguida, nos serviu sopa de quinoa e truta pescada no próprio lago com arroz, batatas e legumes. Para beber, chá de uma plata local que mais parecia hortelã.

Bem alimentados, subimos um pouco mais para conhecer a praça principal, que garante uma vista incrível para o lago. Depois, descemos pelo outro lado da ilha, para embarcarmos de volta a Puno. Durante a caminhada, é possível ver mais de perto a cultura local, as construções e as pessoas. Um passeio incrível.

DICAS DA JU

1. Leve sempre uma garrafa de água. Mesmo no inverno, o dia pode se tornar bem quente, ainda mais com caminhadas e subidas.
2. Pelo mesmo motivo, se for para lá no inverno, coloque roupas leves por baixo dos casacos, caso sinta calor.
3. As paisagens podem ficar ainda mais bonitas na estação seca, de junho a setembro. O céu azul é garantido.

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Meu nome é Juliana Palma, mas sou mais conhecida simplesmente como Ju Palma. Tenho 28 anos e moro em Porto Alegre. Sou uma jornalista especializada em marketing e uma apaixonada por comer, beber e viajar. E é sobre isso que escrevo há seis anos. Nesse meio tempo, ainda me formei sommelière profissional de vinhos. Se quiser falar comigo, é só enviar um e-mail para jupalma@jupalma.com.br

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